O trabalho desenvolvido no barracão do GRES Acadêmicos do Grande Rio para o carnaval de 2024 é tema de uma mesa-redonda da atual edição da Rio Innovation Week, Semana de Inovação que reúne palestrantes do mundo inteiro. Trata-se de um primeiro desdobramento da exposição “Antropocruzo”, originalmente apresentada pelo curso de Design da PUC-Rio na Saphira & Ventura Gallery, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Tal exposição é produto dos saberes trocados durante as Oficinas de Carnaval da Grande Rio, um projeto interinstitucional e transdisciplinar iniciado no verão de 2020, durante a produção do desfile “Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”.
Além da adaptação de parte da exposição para os espaços da Innovation Week, que ocorre no Píer Mauá, foi elaborada uma mesa-redonda, no dia 13, intitulada “Antropocruzo: Pesquisa, Design e Carnaval”. Formam a mesa o carnavalesco Leonardo Bora (que também é professor do Departamento de Ciência da Literatura da Faculdade de Letras da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da UERJ); os professores Luiza Novaes (PUC-Rio), Nilton Gamba (PUC-Rio), Desirée Bastos (EBA-UFRJ) e Flávio Sabrá (IFRJ – campus Belford Roxo); e a estudante de Mestrado Kallie Dias (PUC-Rio). Segundo os palestrantes, o objetivo da mesa é discutir os passos da exposição, que documenta as repercussões e traduções carnavalescas do Manto Tupinambá, artefato e entidade sagrados para os povos originários brasileiros, como explica Bora:
“A documentação apresentada em ‘Antropocruzo’ se deu a partir da perspectiva de um método de memória e difusão chamado ‘Design de Histórias’. Em 2024, eu e Gabriel Haddad propusemos o enredo ‘Nosso Destino é ser Onça’, guiado pela narrativa mítica do livro ‘Meu Destino é ser Onça’, do escritor Alberto Mussa. O enredo propôs uma reflexão espiralar sobre as presenças e simbologias da onça no nosso imaginário e na cena artístico-cultural brasileira, abordando temas como antropofagia e encantamento. Nesse processo, as Oficinas de Carnaval desenvolveram, no barracão da Grande Rio, uma releitura do Manto Tupinambá, que está profundamente ligado às simbologias da onça. Nesse trabalho, fundamental foi a parceria e o diálogo com a artista Célia Tupinambá, que reverbera os saberes ancestrais de confecção de mantos. É um trabalho em processo, portanto, muito rico, que envolve centenas de pessoas – apenas uma pequena parte da gigantesca produção narrativa e espetacular de um desfile sambista, que é algo muito complexo.” – conclui o carnavalesco.
“Acabamos de voltar de uma temporada em Nova York e agora a exposição foi convidada para estar no Rio Innovation Week, fazendo também uma mesa de abertura, destacando os elementos inovação educacional, social e tecnológica. Para nós é muito importante estarmos de volta ao Rio de Janeiro com esse material para alcançarmos outros públicos, conquistarmos outro tipo de audiência, para que o conteúdo também seja circulado em território nacional”, diz Nilton Gamba Jr, diretor do departamento de Artes e Design da PUC-Rio.
A edição de 2024 da Rio Innovation Week ocorre no Píer Mauá, de 13 a 16 de agosto.