Vencedora da Série Ouro do carnaval carioca, a Unidos de Padre Miguel vai chegar ano que vem ao Grupo Especial com uma nova rainha de bateria. Thalita Zampirolli não vai mais ocupar o posto em que está há dois anos. O comunicado oficial foi feito pela diretora de carnaval, Lara Mara, no Twitter. A escola anunciou, durante a comemoração na quadra, que terá um concurso para eleger uma passista da comunidade para substituí-la.
“Então, em nome da diretoria agradeço muito a Thalita pelos dois anos de um belo reinado. Enfim, agora é pra falar sobre pautas… não adianta vocês puxarem motim como se a escola fosse preconceituosa por ela ser uma MULHER trans. A UPM foi a primeira escola a ter um banheiro gay”, começou Lara em sua explicaçõ, deois que a escola foi duraente critcda pela decisão de destronar Thalita.
“A frente da nossa bateria, esse é o desejo da diretoria e eu acho que da vila vintém também. Thalita sempre fará parte da nossa família, ela é uma mulher linda e merece todo sucesso. Mas nesse momento de ascensão da UPM, nada mais justo que valorizar as nosas raízes, nossa comunidade”.
Lara ainda sugeriu que Thalita Zampirolli só foi rainha no acesso porque pagou pela posto:
“Ah no acesso servia agora no especial não serve”. Vamos ser sinceros ?? No acesso a gente precisava do dinheiro da venda do cargo. Agora com essa nova estrutura e verba vimos a oportunidade de realizar o sonho de uma das meninas da nossa comunidade. FIM DE PAPO! E beijos!”.
Rainha fico sabendo da despedida nos astidores
O anúncio foi feito antes de Zampirolli chegar ao local. Após passar mal e desmaiar durante a apuração, ela saiu do pronto-socorro e foi festejar com os integrantes da escola. Por lá, acabou descobrindo que em 2025 não estará mais à frente da bateria.
“Foi da pior maneira possível. As pessoas iam chegando na Thalita e questionando o motvo de ela não querer mais ser a rainha, se despedindo. Ela ficou sem entender o que estava acontecendo, quando contaram sobre o concurso”, conta um integrante da Padre Miguel.
Desde o início da apuração do antigo acesso, conta a fonte, já tinha “algo estranho” entre a direção da escola e Zampirolli. Quando procurou por um lugar à mesa, onde estava a cúpula da UPM aguardando as notas dos jurados, onde normalmente as rainhas se sentam, não tinha espaço para ela:
“Ninguém separou nada. Nem lugar nem pulseirinha nem camisa, nada. Ela pegou uma cadeira e se sentou meio de lado. Quando passou mal ninguém foi lá saber como estava. Achei estranho”.
Há dois anos na agremiação, Zampirolli, que mora nos EUA, sempre teve uma boa relação com a comunidade de Padre Miguel e costumava participar dos eventos mais importantes, como a escolha do samba e datas comemorativas, além dos ensaios, sendo uma rainha presente. Durante o desfile deste ano, nas frisas e arquibancaas, torcedores levaram cartazes com elogios à atriz.
Caso permanecesse no cargo, Thalita Zampirolli poderia ser a única rainha de bateria trans na elite do carnaval carioca, já que hoje o cargo está ocupado em todas as escolas do Especial por mulheres. Ainda sem saber de seu destino, ela falou para nossa redação direto da festa pelo título inédito da Unidos de Padre Miguel, na quarta-feira à noite:
“Eu, nesta posição de rainha de bateria, quero apenas dizer que o lugar da mulher trans é onde ela quiser. Ninguém pode dizer onde estaremos e como vamos fazer. Tenho orgulho de ser empresária, atriz e rainha de uma grande escola”.
Fonte Jornal Extra