Ninguém deveria ser obrigado a pagar até R$ 850 para ouvir um CD tocando num estádio. Foi exatamente isso que aconteceu no show do RBD nesta quinta-feira (9), no Rio de Janeiro, durante a primeira apresentação da banda mexicana em sua turnê pelo Brasil. Há vários relatos nas redes sociais de que o grupo usou playback, e é só ver vídeos da apresentação no estádio Nilton Santos, o Engenhão, para notar que os rebeldes utilizaram o recurso.
Normal. Há muita gente também nas redes sociais afirmando o uso de playback em shows do RBD em outros países. É uma prática comum do grupo, que, como se sabe, não segura a onda de cantar ao vivo no show inteiro. Assim, usam um CDzinho esperto em várias canções.
Pode ser normal para o RBD usar playback, e há muitos fãs que normalizam isso, passam um pano, mas é algo bem decepcionante. Uma apresentação ao vivo pressupõe que o artista cante — e toque, quando é uma banda — de verdade. É o princípio básico de um show. Descobrir e perceber que seu artista favorito não está cantando de fato é um banho de água fria. Se isso acontecesse com minha banda preferida, xingaria muito no Twitter (agora X).
O uso de gravação prévia aconteceu muito com o Kiss nesta turnê de despedida. O grupo clássico de rock, que está se despedindo dos palcos, usa playback em vários momentos de sua apresentação, e os fãs detestam a prática. O Kiss já até assumiu isso, sempre mostrando a tradicional cara de pau de seus integrantes. A diferença aqui é que Paul Stanley e Gene Simmons estão na casa dos 70 anos e não têm mais a vitalidade e a potência vocal de décadas atrás. Até dá para entender o jeitinho maroto dos tiozinhos do rock, apesar de ser algo que os fãs não apoiam de jeito nenhum.
Por tudo isso, não dá para ter pena de quem pagou até R$ 850 para ver um dos shows do RBD no Brasil. Tem bobo para tudo.
Foto: Roberto Filho/Brazil News