
Luana Rocha e Vincentinho
Aos 35 anos, a assistente social Luana Rocha enfrentou durante cinco anos um tratamento contra um câncer agressivo no intestino. Com o avanço da doença e o surgimento de infecções generalizadas, os tratamentos deixaram de surtir efeito. Luana passou por cinco cirurgias e diversos procedimentos médicos ao longo da luta. Desde o dia 25 de março, estava internada no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, onde veio a falecer no dia 6 de abril.
Mas afinal, o que é o câncer colorretal?
O câncer colorretal é uma condição que se desenvolve no cólon ou no reto, partes do intestino grosso. Este tipo de câncer geralmente cresce de forma lenta ao longo de vários anos e tem afetado cada vez mais pessoas com menos de 50 anos. “Cada vez recebo mais pacientes jovens com diagnóstico de câncer no intestino no consultório, é preocupante”, afirma o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). Ele destaca que o câncer de intestino muitas vezes é descoberto em estágios mais avançados, devido a sintomas iniciais mais sutis.
Segundo Ananda, os sintomas foram se agravando ao longo de um ano e meio. “Começou com sangue nas fezes e os médicos achavam que era por causa de uma fissura no ânus. Ninguém me pediu para fazer um exame propriamente dito porque eu era muito jovem e a opção câncer estava descartada” relata. O segundo sinal foi o aumento das idas ao banheiro, chegando a 20 vezes em um único dia, e o terceiro foi a produção de muco nas fezes, uma secreção amarelada ou esbranquiçada, semelhante ao catarro.
Saiba mais sobre o câncer colorretal
De acordo com o Dr. Nacif, o câncer colorretal geralmente se origina de crescimentos anormais de células, formando lesões chamadas pólipos adenomatosos. Com o tempo, esses pólipos podem se tornar cancerígenos. “O câncer colorretal pode se desenvolver por muitos anos sem causar sintomas visíveis. No entanto, à medida que cresce, pode apresentar sinais como mudanças nos hábitos intestinais, sangramento retal, dor abdominal, fraqueza e perda de peso inexplicada”, explica o cirurgião.
O médico também ressalta que os estágios do câncer de intestino variam: no estágio I, o câncer invade a parede do intestino, mas não se espalhou além dela. Já no estágio IV, o câncer se espalhou para órgãos distantes, como o fígado ou os pulmões.
Em relação às causas, o Dr. Nacif aponta que uma dieta pobre em frutas, vegetais e carnes magras, combinada com o consumo excessivo de carnes vermelhas e processadas, pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer colorretal. Além disso, hábitos como o consumo excessivo de álcool, tabagismo e o uso regular de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides também estão associados ao aumento do risco. No entanto, ele enfatiza que, apesar desses fatores conhecidos, as causas específicas da doença ainda não são completamente compreendidas. “Os tumores geralmente se desenvolvem a partir de mutações genéticas em pólipos, lesões benignas no intestino”, explica.
O câncer de intestino tem cura? Qual é o tratamento?
Segundo o cirurgião gastrointestinal, a identificação precoce do câncer é essencial, pois aumenta consideravelmente a eficácia do tratamento, com taxas de cura superiores a 90%. “Portanto, não se deve nunca negligenciar sinais suspeitos, mas sim buscar avaliação médica especializada”, alerta o médico.
O tratamento varia conforme o estágio do tumor. Normalmente, realiza-se uma cirurgia para remover as partes do intestino afetadas pelo câncer. Em estágios mais avançados, quimioterapia e radioterapia podem ser necessárias. Quando o câncer está em fase avançada e cresce rapidamente, essas terapias podem ser usadas para controlar o crescimento tumoral.
Por fim, o Dr. Nacif destaca a importância de exames periódicos, especialmente para pessoas com histórico familiar de câncer de intestino ou a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas. “A prevenção sempre será o melhor remédio, somado a uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável com atividades físicas”, conclui.