Cineclube Rã Vermelha propõe difundir o cinema fantástico e suas pluralidades

Foto: Marcela Vigo


Os amantes do cinema têm muito que comemorar. O Cineclube Rã Vermelha voltou a parceria com o Cine Arte UFF e contará com sessões ainda em dezembro e janeiro de 2025. A proposta é a exibição de filmes nacionais e internacionais que normalmente não estão disponíveis em janelas de exibição comerciais. No dia 19 de dezembro será a vez de ‘Ele, o boto’, um filme brasileiro de 1987, dirigido por Walter Lima Jr. sobre a lenda amazônica. Todas as ações do projeto são gratuitas ao público.

Feito de maneira independente, o Cineclube teve sua primeira sessão em 2014, começando uma parceria com o Cine Arte UFF. Desde então exibiu diversos filmes nacionais e internacionais, com destaque para exibição de curtas-metragens brasileiros e de sessões de clássicos do horror orquestrada pelo grupo Soundpainting Rio, iniciando uma parceria que se desdobraria mais tarde na Mostra Cine Orquestra. Após cinco anos de existência, o cineclube teve que paralisar suas atividades em 2020. E agora, em 2024, graças ao patrocínio do edital “Projetando Saberes” da Secec-RJ, o Rã Vermelha pôde voltar.

Em sua nova versão, o Cineclube Rã Vermelha privilegia principalmente obras audiovisuais brasileiras. As exibições estão acontecendo desde outubro no Cine Arte UFF e em escolas da rede pública de ensino de Niterói, onde estão sendo realizadas a “Sessão Girinos” com filmes do cinema fantástico voltado para o público infanto-juvenil. As próximas apresentações serão nos dias 12 e 13 de dezembro para turmas do oitavo ano e ensino médio do Coluni-UFF, Colégio Universitário Geraldo Reis, em São Domingos, Niterói.

Segundo Otávio Lima, um dos idealizadores do projeto, a ideia de levar as sessões para as escolas e voltadas ao público infanto-juvenil, tem o objetivo de instigar educandos e educadores a conhecerem mais do cinema brasileiro fantástico, promovendo a exibições de curtas-metragens contemporâneos e, normalmente, poucos vistos pelo público em geral. “As exibições buscam contribuir para a construção do senso crítico dos alunos para a recepção de conteúdo audiovisual, além de fomentar a formação de público para o cinema brasileiro”, diz.

Em janeiro de 2025, o cineclube vai realizar um curso online sobre acessibilidade nos cinemas. Será em formato de masterclass, gratuito e aberto ao público geral. A data e horário serão divulgados em dezembro no Instagram @cinecluberavermelha.

O Cineclube Rã Vermelha conta com patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro – SECEC RJ por meio da chamada emergêncial de apoio a formação e difusão do audiovisual Nº 11/2023 “PROJETANDO SABERES” e é produzido pela Fantascópio Produções e pela Comala Filmes.

Rã Vermelha: 10 anos de história

O Cineclube Rã Vermelha foi fundado em 2014 por Fabrício Basílio, Lucas Scalioni e Otávio Lima, então alunos da Universidade Federal Fluminense. O grupo já acumulava experiências no universo do cinema de horror, tendo organizado a mostra Desenterrados e iniciado o projeto Rã Vermelha, que buscava discutir o gênero por meio de redes sociais e do canal Rã Vermelha no YouTube. Este último produziu programas informativos sobre o cinema de horror e chegou a ser selecionado pelo Festival Internacional Rio Webfest.

Do desejo de difundir essa rica cinematografia brasileira e debater os temas suscitados pelo cinema de horror surge o Cineclube Rã Vermelha. Em 2014, o gênero ganhava destaque no cenário audiovisual, com obras como The Walking Dead reacendendo o interesse pelo cinema de zumbis. O grupo enxergava nesse tipo de narrativa uma oportunidade para abordar questões sociais urgentes. Vale lembrar do desfecho de ‘A Noite dos Mortos-Vivos’ (1968), de George Romero, onde o personagem negro Ben, após sobreviver aos zumbis, é morto pela polícia que atira sem exitar.

Com o passar do tempo, a curadoria do cineclube expandiu-se para o cinema fantástico, abrangendo gêneros como ficção científica, distopias, realismo maravilhoso, afrofuturismo e outros. A partir de 2014, o Cineclube Rã Vermelha passou a ocupar mensalmente o Cine Arte UFF, consolidando-se como um espaço de reflexão sobre o cinema fantástico e como vitrine para jovens cineastas brasileiros.

O projeto foi liderado por estudantes até 2018, mas a entrada desses no mercado de trabalho dificultou a continuidade das atividades. Em 2019, com um edital da Prefeitura de Niterói, foi possível continuar por mais um ano o projeto até que em 2020 a pandemia cessou de vez as sessões, impossibilitando a realização de sessões presenciais e de manter as sessões mensais. Diante disso, Otávio Lima e Fabrício Basílio idealizaram o 1º FCBF – Festival de Cinema Brasileiro Fantástico (https://festivalfantastico.com.br/), um evento online patrocinado pela SECEC-RJ. O festival atraiu mais de 450 inscrições de filmes de todo o Brasil e exibiu gratuitamente, na plataforma Darkflix, uma programação com mais de 40 obras.

Após o festival, a equipe tentou inscrever o cineclube em novos editais, mas somente em 2024, por meio do edital Projetando Saberes da SECEC-RJ, o Cineclube Rã Vermelha conseguiu novo apoio financeiro.

Próxima sessão gratuita aberta ao público:

Cine Arte Uff (R. Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói – RJ)
Dia 19/12 às 20h – ‘Ele, o boto’.
Filme brasileiro de 1987, dos gêneros fantasia e romance, dirigido por Walter Lima Jr. sobre a lenda amazônica do boto, que supostamente seduz e engravida mulheres. O roteiro é baseado na história de Lima Barreto e Vanja Orico, adaptado por Tairone Feitosa, Walter Lima Júnior e Affonso Romano de Sant’Anna. A direção de fotografia é de Pedro Farkas. A trilha sonora é de Wagner Tiso. Filmado em Paraty e Paratimirim. Elenco: Carlos Alberto Riccelli, Cássia Kiss, Ney Latorraca e Dira Paes.

 

Deixe um comentário