Mais de 6 mil sudestinas vão receber o diagnóstico de câncer de colo do útero em 2024

Graziela Zibetti Dal Molin – vice-presidente do EVA e oncologista


O câncer de colo do útero é o mais comum entre os tumores ginecológicos, tendo como causa as infecções pelo papilomavírus humano (HPV), em especial dos tipos 16 e 18, para os quais há vacina disponível, gratuitamente, no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar disso, seguem elevadas as taxas de incidência (número absoluto de novos casos) e prevalência (número de casos para cada 100 mil pessoas) entre as mulheres dos quatro estados da região sudeste. A estimativa é que 6.020 sudestinas tenham recebido o diagnóstico de câncer de colo do útero até o final de 2024.

A maior prevalência de câncer de colo uterino é observada no Rio de Janeiro, com 11,76 casos para cada 100 mil fluminenses. A mais baixa é observada em São Paulo, com 7,58 casos para cada 100 mil. Em relação à incidência, o maior número é registrado em São Paulo, com 2.550 casos. O menor número de incidência é registrado no Espírito Santo, com 260 casos. O levantamento, que foi feito pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) na base de estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é um alerta alusivo à campanha Setembro em Flor, de conscientização sobre câncer ginecológico.

“A partir da análise dos dados epidemiológicos nota-se que o estado do Rio de Janeiro é o que apresenta maior prevalência de câncer de colo de útero e câncer de endométrio, sendo necessário dar uma atenção maior para as políticas de saúde, sem esquecer dos demais estados da região sudeste. A região sudeste apresenta números bem preocupantes, fazendo com que sejam realizadas melhorias na área da saúde, especialmente em tumores ginecológicos”, ressalta a oncologista clínica e vice-presidente do EVA Graziela Zibetti Dal Molin e oncologista na Beneficência de Portuguesa de São Paulo.

Somando a incidência de câncer de colo do útero com os outros dois tipos mais comuns de cânceres ginecológicos (corpo do útero/endométrio e ovário), são esperados 13.830 novos casos em 2024 entre as sudestinas. O Rio de Janeiro registra a maior prevalência de câncer de endométrio (7,64 casos para cada 100 mil), enquanto a maior prevalência de câncer de ovário é observada em São Paulo (5,48 casos para cada 100 mil).

Em todo o país, o câncer ginecológico é um dos mais incidentes nas mulheres, sendo que os três órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos somam 32,1 mil novos casos anuais, representando 13,2% de todos os casos de câncer diagnosticados nas brasileiras. Do total de mulheres do país que recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico, a maioria apresenta tumores de colo do útero: são aproximadamente 17 mil novos casos previstos para 2024. Em seguida está o câncer de corpo do útero (endométrio) com 7.840 casos, seguido por câncer de ovário com 7.310 casos. O câncer de ovário é o tipo de tumor mais mortal entre os ginecológicos e frequentemente descoberto em estágio avançado. Outros dois tipos, câncer de vulva e vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados nacionais oficiais de novos casos por ano.


CÂNCER DE COLO
DO ÚTERO (região Sudeste)

INCIDÊNCIA
(número de novos casos em 2024)

PREVALÊNCIA
(número de casos para cada
100 mil pessoas / taxa ajustada)

Espírito Santo 260 9,40
Minas Gerais 1.670 7,73
Rio de Janeiro 1.540 11,76
São Paulo 2.550 7,58
TOTAL 6.020  

 


CÂNCER DE CORPO DO ÚTERO (ENDOMÉTRIO)

(região Sudeste)

 


INCIDÊNCIA
(número de novos casos em 2024)

PREVALÊNCIA
(número de casos para cada
100 mil pessoas / taxa ajustada)

Espírito Santo 110 3,80
Minas Gerais 720 4,80
Rio de Janeiro 1.080 7,64
São Paulo 2.470 6,70
TOTAL 4.380  

 


CÂNCER DE OVÁRIO

(região Sudeste)

 


INCIDÊNCIA
(número de novos casos em 2024)

PREVALÊNCIA
(número de casos para cada
100 mil pessoas / taxa ajustada)

Espírito Santo 110 3,51
Minas Gerais 640 4,20
Rio de Janeiro 710 4,81
São Paulo 1.970 5,48
TOTAL 3.430  

Fonte: Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) em levantamento feito na base de Estimativas para 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA)

SETEMBRO EM FLOR – A campanha “Setembro em Flor” foi criada em 2021 pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). A partir desse movimento, em 29 de novembro de 2023 a deputada Renilce Nicodemos (MDB/PA) apresentou o Projeto de Lei 5782-2023, para incluir no calendário nacional a campanha “Setembro em Flor”, para conscientização sobre os tumores ginecológicos durante o nono mês do ano.

O símbolo da campanha é uma flor, com pétalas de diferentes cores, sendo que cada cor representa um dos cinco tumores ginecológicos (colo uterino, corpo uterino, ovário, vulva e vagina). A flor é um símbolo de vida, pureza, feminilidade, fertilidade, o que representa bem a mulher. A campanha, idealizada há quatro anos pela oncologista clínica Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, diretora do EVA e coordenadora de Advocacy, explica que a ação surgiu de uma carência de conhecimento da população brasileira sobre os tipos de câncer que acometem o aparelho reprodutor feminino.  Pelo segundo ano consecutivo, a atriz Marieta Severo será a madrinha da campanha.

“É de extrema importância que a campanha ajude as mulheres a se mobilizarem para a prevenção e o diagnóstico precoce por meio do exame de Papanicolau e a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV)” alerta a oncologista clínica e vice-presidente do EVA, Graziela Zibetti Dal Molin. O exame de Papanicolau e a vacina contra HPV estão disponíveis e acessíveis na rede pública. Alguns cânceres podem ser silenciosos, assim é válida a conscientização para um rastreio controlado por meio de exames de rotina, atenção para sintomas persistentes e busca por assistência médica. Nesse sentido, promover educação e ensino em câncer ginecológico é um dos focos do grupo, que busca trabalhar em parceria com outras associações médicas e não médicas para melhor assistência à paciente com câncer ginecológico.

A campanha “Setembro em Flor” de 2024, que tem a atriz Marieta Severo como madrinha pelo segundo ano consecutivo, traz o tema “Há vida além do câncer”. “Nosso objetivo é oferecer o máximo de conhecimento para a população e, para isso, preparamos muitas ações para o mês de setembro e em diferentes formas de comunicação como: episódios de podcast nas plataformas digitais e no canal do Youtube do EVA, cartilhas educativas, infográficos e ações de vacinação e estímulo a realização dos exames de prevenção”, afirma o gineco-oncologista e presidente do Grupo EVA, Glauco Baiocchi Neto.

IMUNIZAÇÃO NO SUS CONTRA HPV

A vacina contra o vírus HPV é recomendada para as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos; pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, em tratamento de câncer, submetidas a transplantes, com imunodeficiência primária ou erro inato da imunidade, pessoas imunocompetentes de 9 a 45 anos vítimas de violência sexual. O HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), que em 90% dos casos é contraído por meio do contato sexual, genital ou oral. O HPV é tão comum que afeta quase 80% das pessoas sexualmente ativas.

Além de representarem a causa de câncer de colo do útero – o tumor ginecológico mais incidente nas mulheres brasileiras – os HPVs oncogênicos também estão associados com outros tipos de tumores malignos. De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, o número de casos de câncer associados ao HPV por tipo de câncer é de 75% para câncer de vagina, vulva (69%), pênis (63%), ânus (91%) e orofaringe/garganta (70%).

“É fundamental que tanto as mulheres, quanto os homens, de todos os grupos preconizados, recebam as doses da vacina. Desta forma, é quebrada toda a cadeia de transmissão e, assim, são prevenidos diferentes tipos de câncer”, ressalta Andréa Paiva Gadêlha Guimarães.

Sintomas de alerta dos tumores ginecológicos – Os cânceres ginecológicos podem se manifestar de diferentes formas. Em estágios iniciais, podem ser assintomáticos, mas é importante ficar alerta a alguns sintomas persistentes, que necessitam de investigação, como:

Sangramento vaginal fora do ciclo menstrual;
Sangramento vaginal na menopausa;
Sangramento vaginal após a relação sexual;
Corrimento vaginal incomum;
Dor pélvica;
Dor abdominal;
Dor nas costas;
Dor durante a relação sexual;
Abdômen inchado;
Necessidade frequente de urinar;
Lesão na vulva ou vagina;
Coceira persistente em vulva ou vagina.

Diagnóstico de câncer ginecológico – Em caso de suspeita de câncer ginecológico é necessário realizar uma série de exames minuciosos para definir o histórico correto da paciente e chegar ao diagnóstico preciso, tais como: ultrassom; radiografia; tomografia computadorizada; ressonância magnética; tomografia por emissão de pósitrons. Após esses exames é necessário que seja feita uma biópsia, para confirmar o diagnóstico. É fundamental que as mulheres estejam cientes dos sinais e busquem avaliação médica regularmente, permitindo assim o diagnóstico precoce, que pode fazer diferença no tratamento e na sobrevida.

Sobre o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – O EVA é uma associação sem fins lucrativos, atualmente presidida pelo ginecologista oncológico Glauco Baiocchi Neto, gestão de 2022-2024, composta em sua maioria por médicos, com missão de combate ao câncer ginecológico, com foco na educação, pesquisa e prevenção, promovendo apoio e acolhimento às pacientes e aos familiares.

Informações à Imprensa 
SENSU Consultoria de Comunicação 
Melina Ferrazzo

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