Pesquisadores do Instituto Salk de Estudos Biológicos, localizado em San Diego, Califórnia (EUA), fizeram uma descoberta surpreendente: a capacidade do cérebro humano de armazenar informações é maior do que se pensava até então.
A constatação, que foi publicada na revista Neural Computation no dia 23 de abril, sugere que um novo método de pesquisa pode aprimorar nosso entendimento sobre o envelhecimento cerebral e as doenças neurológicas.
Entre 4,1 e 4,6 bits de informação
Assim como um computador, a memória humana também é medida em “bits”, que flutuam de acordo com o número de conexões sinápticas entre os neurônios.
Os pesquisadores do estudo em questão utilizaram o cérebro de uma cobaia para estudar as sinapses em uma área responsável pela aprendizagem e memória.
Eles focaram em pares de células cerebrais transmissoras e observaram que, diante de um estímulo idêntico, esses pares se fortaleciam ou enfraqueciam na mesma proporção. Isso indica que o cérebro tem uma precisão notável ao ajustar a intensidade de uma sinapse específica.
A pesquisa revelou que as sinapses, especialmente no hipocampo, podem armazenar muito mais do que apenas um “bit” de informação. Na verdade, elas têm a capacidade de guardar entre 4,1 e 4,6 bits. Isso é uma descoberta significativa, pois pesquisas anteriores, que se basearam em cérebros de ratos, chegaram a conclusões semelhantes, mas com uma precisão menor.
Além disso, os métodos empregados no estudo abrem novas possibilidades para entender como o armazenamento de informações ocorre em diferentes áreas do cérebro e poderão ser aplicados em pesquisas específicas no futuro.
O que se pensava até então
Estudos anteriores sugeriam que as sinapses, em termos de tamanho e intensidade, eram limitadas, o que poderia ser uma restrição para a capacidade de armazenamento do cérebro. Além disso, a dificuldade de medir a plasticidade sináptica em cada mensagem cerebral era um desafio persistente nas pesquisas.
No entanto, esse recente estudo demonstra que, com a aplicação da teoria da informação, que utiliza um modelo matemático para compreender a transmissão de dados em um sistema, isso agora é viável. Com esse método, os pesquisadores acreditam poder determinar a quantidade de informação que as sinapses transmitem e o que é apenas um “ruído de fundo” que não é necessariamente processado pelo cérebro.
O cérebro humano, com suas mais de 100 trilhões de conexões neuronais, utiliza processos químicos para transmitir informações através das sinapses. Esse processo se intensifica à medida que o aprendizado é exercitado pelo indivíduo.
Segundo a Live Science, o modo de vida de uma pessoa pode afetar a plasticidade sináptica, isto é, a capacidade de fortalecer ou enfraquecer as sinapses em resposta à atividade dos neurônios que as auxiliam.
Como fortalecer o cérebro e suas sinapses
Além de fazer atividade física para manter o corpo em forma, o cérebro também precisa estar sempre em “movimento”. De acordo com especialistas, o órgão deve ser entendido como um músculo, que vai enferrujando e perdendo sua funcionalidade, caso não seja exercitado.
Para ajudar a driblar esse destino cruel, uma opção é a ginástica para o cérebro, que consiste em exercícios mentais capazes de fortalecer a capacidade cognitiva. Eles podem ser praticados em qualquer idade. Entretanto, com a velhice, dedicar um tempo maior a essas atividades se torna ainda mais fundamental.
A ginástica cerebral tem resultados concretos na vida de quem a pratica, pois estimula as conexões neurais, gerando maior capacidade de memória, concentração, agilidade de raciocínio e coordenação motora.
Lívia Ciacci, neurocientista da Supera – primeira rede de escolas de ginástica para o cérebro da América Latina
Há várias maneiras de estimular o cérebro no dia a dia, como:
- Ler livros;
- Fazer palavras cruzadas, caça-palavras e jogos de tabuleiro;
- Dedicar-se a novas habilidades (jardinagem, cozinhar, tocar instrumento etc.);
- Viajar e aprender novos idiomas;
- Dançar e se exercitar regularmente