Marcelo Médici
O ator Marcelo Médici relembrou as dificuldades de colegas de profissão não-brancos para conquistar espaço na televisão antigamente. Conforme relatou, amigos talentosos chegaram a desistir da atuação devido à falta de oportunidades na área.
Durante o programa Sala de TV, do portal Terra, nesta quarta-feira, 22, ele contou sobre o início da carreira e o quanto sonhava em fazer televisão, mas que durante as oficinas sentia falta dos colegas de cor.
“Fiquei lembrando de tantos amigos que eu tive no teatro, porque eu nunca fui o Fábio Assunção, mas eu sonhava em ir para a televisão. E tive amigos que eu nunca ouvi sobre eles, aigos pretos, que não era padrão do que a gente via que estava entrando na televisão naquela época… Amigos descendentes de asiáticos que desistiram da profissão…”, relatou.
Marcelo disse acreditar que a falta de representatividade impedia os colegas de sonharem com a possibilidade, e criticou a falta de projetos voltados para a cultura asiática.
“Nós temos aqui a segunda maior população de japoneses ou descendentes depois do Japão, mas que não são absorvidos pelo mercado, nem publicitário, nem do audiovisual. [É] pouquíssimo”, destacou. “Eles estão até aí, mas um virou figurinista, outra atriz virou produtora de teatro, porque no mercado não entrava. […] Então, a novela, a televisão, ela precisa empregar essas pessoas. Esse público, essas pessoas precisam se ver ali nesse mercado”.
O ator ainda criticou as novelas que se passam no Nordeste, mas que não possuem atores nordestinos. Ele explica que a questão não é uma proibição e sim de oferecer oportunidade.
“Durante anos, nós assistimos novelas que tinham um ator preto no elenco, no máximo dois. Fora Milton Gonçalves, que foi um cara que conseguiu, mas ele era quase que o único que conseguiu na década de 1970 e 1980 se estabelecer na televisão. Eram pouquíssimos atores. Você vê dona Léa Garcia, dona Ruth de Souza, que são grandes damas da televisão. Imagina a Léa Garcia em Escrava Isaura, brilhante atriz e tal. E as carreiras eram bem difíceis para eles”, refletiu.
Fonte Terra