Madonna
Com previsão de público de dois milhões de pessoas, o show da cantora Madonna, marcado para 4 de maio na Praia de Copacabana, provocou – e ainda pode provocar – alteração de datas de outros eventos no Rio.
Um deles é a gravação de um DVD do cantor Paulinho da Viola, adiada para 25 de maio, no Qualistage, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Em comunicado divulgado nas redes sociais, a organização do show, na turnê de comemoração de 80 anos do compositor, declarou que não se poderia imaginar que um megaevento seria marcado no mesmo dia, e reconheceu que o show de Madonna vai afetar toda a cidade.
O engenheiro Luís Carlos Gomes, de Minas Gerais, comprou passagens e reservou hotel em dezembro para o show do Paulinho da Viola. Quando o show da Madonna foi anunciado, em março, ele até cogitou em ir às duas apresentações, apesar da distância entre Barra da Tijuca e Copacabana, mas, com o adiamento do show do Paulinho, decidiu vir ao Rio mesmo assim para ver a Madonna.
Na opinião de Luís, Paulinho da Viola e os fãs se beneficiam com o adiamento – não é o caso dele, que, no dia 25 de maio, vai ao festival Doce Maravilha, no Jockey Club, para assistir a Jorge Ben Jor.
“Por mais que eu tenha ficado frustrado por [o adiamento] criar um hiato na minha agenda de shows do Paulinho, eu entendo perfeitamente a administração do show, porque o Rio de Janeiro vai parar no dia 4; não existe nada mais importante do que o show da Madonna, que é de graça. Eu acho que daria muito ruim [conciliar]”, pondera.
A banda Soweto também precisou mudar os planos: o grupo faria um show no sábado (4) e outro no domingo (5), na Apoteose, mas a organização cancelou o primeiro. Muitos fãs reclamaram, porque, no dia 5, será aplicado o Concurso Nacional Unificado (CNU) – o “Enem dos Concursos” – e, no dia seguinte, é segunda-feira.
Nas redes sociais, a empresa responsável pelo show afirma que a decisão foi tomada por orientação das autoridades públicas e garante que os ingressos vendidos para as duas datas juntos representam menos de 80% da capacidade da Apoteose, o que vai “proporcionar conforto e segurança ao público”.
O diretor da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, a Abrape, no Rio, Cristiano Botinha, destaca que não é natural que megaeventos provoquem cancelamentos ou adiamentos de outros, mas que, nesse caso, o show de Madonna foi anunciado menos de um mês e meio antes da data. Segundo ele, esse fator dificulta a reorganização.
“Cancelamentos e adiamentos sempre causam transtornos, tanto para clientes, que já estavam programados para aquela determinada data, quanto para o empresário, que tem trabalho dobrado, prejuízo com cancelamento ou adiamento, precisa devolver dinheiro de ingresso… Mas, dessa vez, eu acho que é compreensível. É por um bem maior, que é a cidade do Rio de Janeiro, a nossa indústria de eventos. A prefeitura infelizmente não teve a oportunidade de divulgar com mais antecedência, por conta de toda a complexidade para trazer o show de uma artista do tamanho da Madonna”, explicou.
O show pode até impactar no calendário do Campeonato Brasileiro: a Polícia Militar pediu que não sejam marcadas no dia 4 de maio. Nesse dia, a princípio, Fluminense e Atlético Mineiro se enfrentam na cidade. A decisão cabe à Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, que costuma acatar o pedido quando a PM não garante a segurança.
Em entrevista a Lully FM, o presidente do HotéisRio, Alfredo Lopes, também comentou o aumento da ocupação da cidade, que deve ter foco no mercado nacional (turistas brasileiros). De acordo com a terceira prévia da pesquisa de ocupação realizada pelo HotéisRIO, a média de ocupação hoteleira na cidade está em 70,79% para o fim de semana (de 3 a 5 de maio) do show da Madonna.