Mexer no celular ou na carteira nas praias da Zona Sul do Rio pode te fazer um alvo fácil de criminosos. Pensando nisso, barraqueiros de Copacabana resolveram aderir a uma nova forma de pagamento: o crédito pré-pago no PIX.
Parece confuso, mas a estratégia é bem simples. O cliente envia um valor de consumação para o PIX da barraca e mostra o comprovante. Durante o tempo que estiver na praia, ele vai consumindo até atingir o valor que ja foi pago.
Ao fechar a conta, se o valor consumido for menor que o enviado previamente, a barraca devolve o “troco” por PIX ou em dinheiro, conforme for combinado.
O vendedor Danilo Pereira, de 25 anos, explica que essa forma de pagamento começou a ser procurada na barraca To The Boa por pessoas que tinham medo de transitar na região com pertences de valor.
“Isso é bom porque tem muito cliente que mora ou está hospedado aqui perto, e não quer vir pra cá com o celular ou a carteira. Dessa forma, ele já pega nosso contato e combina o valor de consumação antes de chegar na praia. Alguns vêm até sozinho e aí não tem com quem deixar os objetos. Então, assim, eles não precisam se preocupar com nada”, conta.
A vendedora Emily Rocha, da barraca Soul Rio, diz que a forma de pagamento já é um sucesso, mas ainda é pouco divulgada. Ela acredita que o método traz muitos benefícios para os clientes e os profissionais.
“Pra gente é muito vantajoso porque fideliza a consumação daquele cliente, agiliza na hora do pagamento e dá mais segurança de que o valor consumido vai ser realmente pago. Pra eles, é bom pela segurança de não precisarem ficar mexendo na carteira ou no celular durante o dia”, explica Emily.
“A gente também oferece mais vantagens pra quem opta por esse meio, como o guarda-sol e a cadeira, que saem de brinde. Se o cliente quiser ir no mar ou sair pra comer, a gente guarda as coisas na barraca. No fim das contas, é bom pré todo mundo”, completa.
A equipe da barraca explica que só os clientes mais chegados estão procurando essa forma de pagamento, mas pretende aumentar a divulgação nas redes sociais para atrair o público.
“Quem procurar a Soul Rio no Instagram, no Facebook, pode combinar comigo o valor, o horário que vai chegar e aí é só mostrar o comprovante do PIX. Eu confirmo o pagamento na nossa conta e quando ele chegar, já vai ter todos os benefícios do adiantamento do PIX”, diz Emily.
A tática é recente, mas quem utiliza garante que está dando certo.
“As vezes o cliente está com pouca bateria e a gente combina logo cedo. Vamos supor que ele faça um PIX de R$ 200, mas acaba consumindo apenas R$ 120 aqui na barraca. Quando ele fechar a conta, a gente combina como ele quer o troco e devolve os R$ 80 que não foram usados”, detalha Michel Vieira Martins, de 34 anos.
Maratona de réveillon
Os barraqueiros de Copacabana estão se preparando para uma temporada de muito trabalho. Por conta da interdição de algumas vias da região para o réveillon, a grande maioria dos vendedores pretende permanecer com a estrutura montada até o fim do expediente da próxima segunda-feira (1°), como explica o autônomo José Adriano Pereira dos Reis, de 55 anos.
“Por conta da interdição de algumas vias da região, a partir de um certo horário, vai estar proibido transitar por aqui com os carrinhos de carregamento. A prefeitura, então, autorizou a nossa permanência durante toda a noite. Várias barracas vão ficar montadas aqui, mesmo depois do fim do expediente. Todas elas vão ter alguém responsável pra guardar as coisas. Vai ser uma maratona, mas é até bom. Amanhã, quando a gente chegar, já vai estar tudo pronto”, afirmou.
O vendedor Danilo diz que, apesar de cansativo para quem fica tomando conta da barraca, a possibilidade de manter a estrutura durante a noite é vantajosa para o empreendimento.
“A gente aumenta muito a operação no verão e, principalmente, próximo ao réveillon. Se essa autorização valesse mais tempo, pra gente seria muito vantajoso, porque agiliza a operação e diminui os custos. Normalmente, conseguimos trazer tudo do depósito até aqui em uma viagem. Só hoje de manhã foram cinco vezes indo e voltando. Se pudesse ficar com a estrutura direto, seria bem melhor pra gente que trabalha aqui”, comentou.
Famílias acampadas
E não são só os barraqueiros que estão preparados para o pernoite em Copacabana. À espera pelo réveillon mais famoso do mundo já começou a atrair várias famílias para a região.
A estudante Luana Santos, de 20 anos, saiu de Lavras, em Minas Gerais, de mala e cuia com a família.
À espera da queima de fogos com outros seis parentes, ela diz que nem a chuva, o vento ou os perrengues da viagem conseguem diminuir a emoção de estar no Rio.
“Eu nem pensei nas dificuldades, só de estar aqui já estou muito feliz. Vamos passar a noite na praia, brincando bastante, e amanhã vamos entrar no ano novo com muita alegria vendo os fogos” disse, animada.
Já a família de Marinara Michelle é aqui do Rio mesmo. Mas a escolha de permanecer na praia até o dia 1º foi uma decisão profissional.
Autônoma como a mãe, as duas trabalham como vendedoras ambulantes há mais de 30 anos na região. Por isso, resolveram unir o útil ao agradável e já escolheram um espacinho para aguardar a chegada do novo ano.
“Eu moro na Baixada Fluminense e a gente já ia precisar vir todos os dias pra trabalhar. Então resolvemos ficar de vez e esperar o ano novo. As vezes eu saio, dou uma rodada pra vender água, refrigerante, depois volto pra cá pra descansar. Até meu irmão tá ajudando. Ele dá uma volta, pega umas latinhas e traz pra cá. Porque qualquer coisinha que a gente consiga já faz uma diferença no orçamento, né?”.]
Fonte g1