As Marvels e a falácia do “vilão mal-aproveitado”

Reza o lenga-lenga da nerdice moderna que “um herói só é tão bom quanto seu vilão”, mas de onde – e de quando – vem essa equalização, exatamente? Caso alguém ainda mencione, hoje em dia, o nome do Imperador Ming, principal adversário de Flash Gordon nas HQs e nas telas, é para problematizá-lo como caricatura orientalista. Buck Rogers enfrentava a Princesa Ardala (quem?), Tarzan lutava contra exploradores frequentemente anônimos, e – honestamente? – nem Indiana Jones achou nazistas muito marcantes para esmurrar durante seus cinco filmes.

Essa ideia de que o vilão precisa ser tão marcante quanto herói vem, eu suspeito, de uma era dos quadrinhos estadunidenses em que a mídia buscou se legitimar aos olhos do público geral (e de uma seção tóxica do público de nicho) através de uma tendência ao sombrio, palavra consistentemente confundida com “complexo” no vernáculo da pseudo-intelectualidade. Daí que o Coringa virou prioridade nº1 em muitas revistas do Batman, ícone cultural comparável até ao próprio Homem-Morcego, e que o Lex Luthor se tornou “o espelho do Superman”, e não só um bilionário megalomaníaco qualquer.

Reza o lenga-lenga da nerdice moderna que “um herói só é tão bom quanto seu vilão”, mas de onde – e de quando – vem essa equalização, exatamente? Caso alguém ainda mencione, hoje em dia, o nome do Imperador Ming, principal adversário de Flash Gordon nas HQs e nas telas, é para problematizá-lo como caricatura orientalista. Buck Rogers enfrentava a Princesa Ardala (quem?), Tarzan lutava contra exploradores frequentemente anônimos, e – honestamente? – nem Indiana Jones achou nazistas muito marcantes para esmurrar durante seus cinco filmes.

Essa ideia de que o vilão precisa ser tão marcante quanto herói vem, eu suspeito, de uma era dos quadrinhos estadunidenses em que a mídia buscou se legitimar aos olhos do público geral (e de uma seção tóxica do público de nicho) através de uma tendência ao sombrio, palavra consistentemente confundida com “complexo” no vernáculo da pseudo-intelectualidade. Daí que o Coringa virou prioridade nº1 em muitas revistas do Batman, ícone cultural comparável até ao próprio Homem-Morcego, e que o Lex Luthor se tornou “o espelho do Superman”, e não só um bilionário megalomaníaco qualquer.

Justo: algumas histórias são, mesmo, sobre seus vilões. Christopher Nolan construiu toda uma elegia ao caos moral do Coringa em seu Batman: O Cavaleiro das Trevas, um filme que pouco fala realmente sobre o Batman, e o resultado é merecidamente um dos longas de super-herói mais aclamados de todos os tempos. Pantera Negra encontrou em seu Killmonger toda a potência discursiva que faltava ao personagem-título quando ele estava sozinho (e se não fosse o brilhantismo iconográfico de Chadwick Boseman, é claro).

Reza o lenga-lenga da nerdice moderna que “um herói só é tão bom quanto seu vilão”, mas de onde – e de quando – vem essa equalização, exatamente? Caso alguém ainda mencione, hoje em dia, o nome do Imperador Ming, principal adversário de Flash Gordon nas HQs e nas telas, é para problematizá-lo como caricatura orientalista. Buck Rogers enfrentava a Princesa Ardala (quem?), Tarzan lutava contra exploradores frequentemente anônimos, e – honestamente? – nem Indiana Jones achou nazistas muito marcantes para esmurrar durante seus cinco filmes.

Essa ideia de que o vilão precisa ser tão marcante quanto herói vem, eu suspeito, de uma era dos quadrinhos estadunidenses em que a mídia buscou se legitimar aos olhos do público geral (e de uma seção tóxica do público de nicho) através de uma tendência ao sombrio, palavra consistentemente confundida com “complexo” no vernáculo da pseudo-intelectualidade. Daí que o Coringa virou prioridade nº1 em muitas revistas do Batman, ícone cultural comparável até ao próprio Homem-Morcego, e que o Lex Luthor se tornou “o espelho do Superman”, e não só um bilionário megalomaníaco qualquer.

Justo: algumas histórias são, mesmo, sobre seus vilões. Christopher Nolan construiu toda uma elegia ao caos moral do Coringa em seu Batman: O Cavaleiro das Trevas, um filme que pouco fala realmente sobre o Batman, e o resultado é merecidamente um dos longas de super-herói mais aclamados de todos os tempos. Pantera Negra encontrou em seu Killmonger toda a potência discursiva que faltava ao personagem-título quando ele estava sozinho (e se não fosse o brilhantismo iconográfico de Chadwick Boseman, é claro).

Nem todas as histórias são assim, no entanto, e elas não precisam ser para funcionar. O que nos leva a As Marvels, porque uma fatia considerável dos críticos do longaencontrou em Dar-Benn (Zawe Ashton), a líder Kree que entra em conflito com Carol (Brie Larson), Kamala (Iman Vellani) e Monica (Teyonah Parris) na trama, um alvo fácil para legitimar sua percepção negativa do roteiro. É uma vilã inconsequente, diz o tuíte ou comentário médio dos detratores do filme, e a interpretação melodramática de Ashton não convence.

(Ou pelo menos era isso que eles realmente queriam dizer, não que ela ganhou o emprego por ser noiva de Tom Hiddelston… certo? Ninguém jamais seria tão obviamente machista assim, né? Tem que disfarçar pelo menos!)

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