Assassin’s Creed Mirage – Review

Assassin’s Creed Mirage prometeu ser uma carta de amor aos primeiros jogos da longeva franquia da Ubisoft e realmente cumpre essa missão de maneira impecável. Todo o desenvolvimento da trama é orgânico e fluido, ao ponto de você não sentir tédio ou cansaço em nenhum ponto da campanha. No entanto, isto não significa que tudo é fácil, já que você não tem a localização das missões de mão beijada e precisa usar sua inteligência e intuição para lidar com os objetivos. Tudo isso sem os elementos de RPG inseridos nos últimos três títulos.

Sem RPG mesmo? Como é a gameplay

Esta deve ser a maior dúvida dos fãs da franquia. Assassin’s Creed Mirage não tem elementos de RPG. Apesar de haver uma árvore de habilidades, você recebe os pontos conforme cumpre missões e não ao subir de nível conseguindo experiência.

Os inimigos são basicamente todos no mesmo patamar de poder, com exceção dos mercenários que surgem quando você está com o nível máximo de procurado. São os únicos inimigos que não podem ser assassinados de uma só vez – não há números de dano subindo na tela. De modo geral, o combate tradicional volta, com a possibilidade de atacar e aparar golpes inimigos. Basim também realiza ataques letais no meio dos confrontos e conta com bastante brutalidade.

No entanto, enfrentar muitos inimigos ao mesmo tempo pode simplesmente significar sua derrota. O ideal é fugir, se esconder, e esperar o momento oportuno para atacar. Basim não é um exímio lutador, e você dificilmente lidará com mais de quatro oponentes sem uma boa estratégia.

Não existe nenhum elemento de fantasia na gameplay de Assassin’s Creed Mirage, com exceção do “foco de assassino”, que lhe permite avançar de maneira instantânea em seus alvos. Mas, ainda assim, na proposta do jogo se trata apenas de uma execução muito rápida e não exatamente um superpoder.

Suas ferramentas lhe permitem criar uma gama de estratégias diferentes, assim como infiltrações e assassinatos também disponibilizam várias possibilidades. O parkour é fluido e divertido, mas não é como nos dois últimos jogos no qual você escala praticamente qualquer coisa. É preciso estudar muito o ambiente para descobrir os pontos fracos.

As batalhas navais ficaram totalmente de fora, assim como a caça. Melhorias de equipamento podem ser feitas somente em lojas, embora você possa adquirir recursos por meio de missões ou até mesmo compras e furtos.

História e ambientação

Basicamente, toda a campanha de Mirage se passa em Bagdá e seus arredores, e essa proposta é muito bem executada. A cidade me encantou, mesmo sem eu entender quase nada sobre as culturas ou o período histórico retratados no jogo.

Apesar das paisagens áridas, o jogo é bastante colorido, especialmente nas cidades, com o alto número de comerciantes e pessoas de todas as culturas. Espere muitas roupas diferentes, árvores e flores de todos os tipos. Bagdá foi refeita de maneira linda e é possível entender toda a lógica do local, com a estrutura dos bairros e localizações de cada um dos personagens que aparecem durante a trama.

O ponto fraco é que esperava alguma revelação na história que trouxesse algo realmente grandioso para a trama. Não há nada (pelo menos na campanha principal) que mostre mais da Abstergo ou sobre o futuro da humanidade. O passado de Basim também não é cheio de interferências dos Isu (os antigos “deuses”) e nem acrescenta algo indispensável. Apesar disso, ele reanimou a minha vontade de voltar para outros jogos da franquia, especialmente Valhalla, já que agora o vejo de uma maneira diferente.

A história retrata o começo de Basim e seu caminho entre os Ocultos, além de seu crescimento pessoal e na Irmandade, ao passo em que o protagonista busca descobrir mais sobre si mesmo e os segredos por trás do embate com a Ordem (os Templários). Tudo flui de forma extremamente orgânica e você não sente que perdeu nada. É a mesma dinâmica de Ezio em Assassin’s Creed 2, desde o treinamento até se tornar um verdadeiro mestre assassino.

Apesar de a história conter muitos momentos emocionantes e personagens marcantes, outros pontos da trama foram bastante previsíveis e foi fácil decifrar completamente alguns segredos antes mesmo de seus desfechos, o que foi um pouco decepcionante.

Gráficos e desempenho

Assassin’s Creed Mirage tem bugs? Encontrei alguns durante a campanha, mas é importante ressaltar que os primeiros patches costumam aplicar correções. De modo geral, nada atrapalhou minha gameplay de forma grave em nenhum momento. Tanto a parte gráfica quanto a sonora estão excelentes. Alguns NPCs são bem carismáticos, enquanto outros podem ser um tanto quanto esquisitos. No entanto, a imersão não é perdida nunca.

Se você está acostumado com os cenários deslumbrantes de Origins, Odyssey e Valhalla, com certeza não se decepcionará com Mirage. Cada um dos pontos de sincronização lhe dará um vislumbre de toda a magnitude do jogo. Bagdá é rica em paisagens diferentes e, embora o mapa do jogo seja consideravelmente menor do que os dos últimos, ele foi bem desenvolvido, mesmo nos desertos.

Falando em desertos, por mais que um mapa cheio de missões vazias não seja interessante, gostaria que as regiões áridas tivessem mais possibilidades de exploração e segredos (não é como se fossem completamente vazias, importante frisar). Os personagens e as expressões são boas, mas nada é realmente incrível. Vale ressaltar, porém, que os gráficos ao correr, escalar, interagir com o cenário, se esconder etc estão deslumbrantes e Mirage verdadeiramente desperta a vontade de explorar tudo.

A dublagem em português está impecável, com vozes para todos os personagens primários, secundários e NPCs. Tudo isso alinhado a uma boa trilha sonora, com direito a uma nova (e ótima) versão de Ezio’s Family.

Mirage refina, mas não revoluciona

Assassin’s Creed Mirage é uma versão aprimorada dos primeiros jogos da franquia, e os fãs que não gostaram muito dos últimos RPGs com certeza encontrarão satisfação nesse novo título. Apesar disso, Mirage não trouxe nada realmente novo para a franquia em termos de jogabilidade ou história. Apenas tudo o que funciona, mas de maneira mais refinada e com um personagem forte e marcante.

O Veredicto

Assassin’s Creed Mirage se prova uma carta de amor ao começo da franquia, mas não trouxe realmente nada novo e revolucionário na gameplay e história. São mecânicas já conhecidas, mas com ótimo refinamento e e um protagonista verdadeiramente marcante.

Fonte iGN

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