O Brasil pode bater no peito e se orgulhar, pois tem a mais alta taxa de reciclagem de latinhas de alumínio do mundo. Atualmente, quase 100% delas são coletadas e recicladas. Reciclamos tanto que, pasme, vários países do mundo resolveram comprar nossas latas usadas. A exportação brasileira do alumínio vem crescendo assustadoramente – algo na ordem de 150% nos últimos dois anos. Porém, a Novelis, maior recicladora de alumínio do mundo, apertou o botão vermelho: está faltando este tipo de resíduo para reciclagem no país.

“Existe uma corrida pelo alumínio de baixa pegada de carbono no planeta, o que é ótimo. O problema é que não tem sucata para todo mundo, já que muitos países jogam literalmente seu alumínio no lixo. Então, acabam comprando daqui. O resultado é que a indústria nacional, mesmo reciclando 100% das latinhas no Brasil, precisa importar ainda mais para manter nossa produção”, afirmou Alfredo Veiga, Vice-presidente de Metal da Novelis América do Sul, em entrevista exclusiva a esta coluna.
A Novelis é a líder mundial em fornecimento de alumínio reciclado para diversos segmentos da indústria, como aeroespacial, automotivo, embalagens e outros. Com duas grandes fábricas em operação no país, a empresa recicla cerca de 500 mil toneladas de alumínio por ano – em 2024 foram 20 bilhões somente de latinhas recicladas no país.
Com um amplo uso em praticamente todos os segmentos do mercado, a procura do mercado internacional pelo alumínio vem crescendo cada vez mais. E o material reciclado, além de ser bem mais barato, emite cerca de 95% menos carbono se comparado à matéria-prima virgem. Quem mais compra alumínio do Brasil no momento são China, Coreia do Sul, Índia e Estados Unidos, que utilizam o metal principalmente na indústria de transportes e na construção civil.
A ironia é que estamos vendendo tanta sucata que a indústria nacional precisa importar ainda mais resíduos para dar conta de sua produção de reciclados por aqui. Atualmente, 1,9 milhão de toneladas de alumínio é consumida no Brasil, sendo que quase 60% deste número é proveniente de material reciclado.
Fonte iG
