Marcando presença pela primeira vez no Festival de Cinema de Gramado, o ator Gero Camilo esteve na 53ª edição do evento para a estreia do longa-metragem “Papagaios”, do cineasta carioca Douglas Soares.

Protagonista da produção, que é a primeira de ficção de Soares, Camilo dá vida ao personagem Tunico, um “papagaio de pirata”, uma daquelas pessoas que ficam atrás dos repórteres para ganhar algum tipo de fama na região onde moram. Ele sempre está perseguindo repórteres para aparecer na TV, seja em tragédias, velórios de famosos ou nos noticiários.
Com 25 anos de carreira e tendo interpretado grandes personagens do cinema e da dramaturgia brasileira, Gero Camilo recebeu elogios pela sua atuação no filme por parte da imprensa especializada presente. Em coletiva durante o evento, o ator comentou sobre como estava cansado de passar pelas dificuldades para fazer cinema nacional, até que veio seu papel em “Papagaios” para renovar a paixão pela sétima arte.
“Eu estava exausto do cinema, da dificuldade que é fazer cinema no nosso país, quando muitas vezes um projeto dura 10 anos para ser realizado. Para mim, cinema é luta de classe. Dentro da estrutura cinematográfica, a gente representa muito bem essas contradições do capitalismo e isso interfere muitas vezes no nosso poder de produção para quem não é de uma classe exatamente abastada”, comentou.
“O cinema também é difícil para quem não tem determinados corpos políticos, que criam estética para as narrativas a serem contadas. A gente sabe que, geralmente, esses corpos são brancos, sudestinos, e na maioria das vezes também são narrativas sudestinas, ou quando essas narrativas são nordestinas, ainda assim elas são contadas por sudestinos. Ou filmadas por sudestinos. Então, para mim, para minha trajetória, durante muito tempo essas foram as dificuldades a serem ultrapassadas. Então, quando eu fui pra ‘Papagaios’, eu já estava de saco cheio do cinema brasileiro e de passar por isso. O filme foi como um combustível”.
Para o diretor Douglas Soares, o trabalho com Gero Camilo vem de uma paixão de anos. “Gero completa agora 25 anos de cinema e eu sempre quis fazer esse filme com ele. Além da interpretação, também queria que ele participasse ativamente em uma construção coletiva”, explica.

Assista ao trailer:

Na 53ª edição do Festival de Gramado, “Papagaios” integra a Mostra Competitiva de Longas-Metragens Brasileiros, ao lado de A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF, de Rafaela Camelo), “Cinco Tipos de Medo” (MS, de Bruno Bini), “Nó” (PR, de Laís Melo), “Querido Mundo” (RJ, de Miguel Falabella), e “Sonhar com Leões” (SP, de Paolo Marinou-Blanco), concorrendo a prêmios em 12 categorias. São elas, Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Desenho de Som. O ganhador de Melhor Filme recebe, além do Kikito, o prêmio de R$40 mil, o de “Melhor Direção”, o prêmio de R$10 mil, e as demais categorias, o valor de R$5 mil cada.
