Abel Ferreira não conseguiu segurar as lágrimas ao falar sobre sua família durante entrevista ao programa “Esporte Espetacular”, da TV Globo. O técnico demonstrou como viver com a esposa e filhas no Brasil tem um papel importante na sua longevidade à frente do Palmeiras e como isto terá impacto no futuro de sua carreira, pois o contrato com o clube se encerra em dezembro. Abel Ferreira não conseguiu segurar as lágrimas ao falar sobre sua família durante entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular, da TV Globo. O técnico demonstrou como viver com a esposa e filhas no Brasil tem um papel importante na sua longevidade à frente do Palmeiras e como isto terá impacto no futuro de sua carreira, pois o contrato com o clube se encerra em dezembro.
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– Família para mim é tudo. E eu em determinado momento da minha vida, enquanto treinador, fui muito egoísta. Porque eu só pensei em mim e não pensava neles. Eu quero ser treinador, eu quero ganhar títulos, porque eu nunca tinha ganho um título grande como jogador – relatou.
– Eu achava que se ganhasse um título ia ser feliz a vida toda. Então pus de lado um pouquinho o acompanhar as minhas filhas e a minha família. Deixei-os em Portugal e fui para a Grécia. Estava completamente obcecado pela parte do treino, do treinador. Dedicar todo o meu tempo, porque há um preço que se paga para chegar. Só que na altura eu não sabia qual era.
– Quando o pai ganha, é dos outros, quando perde é deles (família) – disse, com os olhos cheios de lágrimas.
Depois de iniciar sua trajetória como treinador no Braga, de Portugal, Abel aceitou assumir o Paok, na Grécia, em 2019. A esposa Ana e as filhas Inês e Mariana não o acompanharam, assim como não seguiram o técnico logo que ele assumiu o Palmeiras, em 2020.
Só depois de quase dois anos de trabalho no Brasil, um país conhecido pelo alto número de troca de treinadores, Abel se sentiu seguro a fazer a mudança da família. Desde então, sua esposa e filhas o acompanham, inclusive nos Estados Unidos, assistindo à Copa do Mundo de Clubes.
– Quando saio da Grécia e venho para o Brasil, mesmo contra a opinião deles, em busca desse título, e nós ganhamos a Copa (do Brasil) e ganhamos a Libertadores. E vocês lembram-se muito bem aquilo que eu disse: sou melhor treinador, mas sou pior pai, pior marido, pior filho e nos momentos em que tu estás sozinho, tu começas a perguntar a ti qual é o teu sentido da vida.
– Depois de falar com a Leila, e ela tem parte muito importante neste processo, que é o ter a família comigo. Eu não vou trocar o Palmeiras agora para o outro lado, sem a família estar comigo. Custou-me tanto de ter a família comigo – contou.
Com a família totalmente adaptada em São Paulo (SP), Abel deixou claro na entrevista que não serão apenas ele e seu empresário os responsáveis por escolher o próximo passo de sua carreira.
O contrato com o Palmeiras vence em dezembro, e a presidente Leila Pereira já iniciou tratativas para renová-lo até o fim de 2027.
– Já pensei muito em mim mesmo e agora chegou o tempo não de pensar em mim, de pensar em nós. O que é melhor para nós? E depois a gente, juntos, resolve. O maior título que eu ganhei aqui foi conseguir ter a minha família três anos comigo a assistir às derrotas, às vitórias, porque quando tu perde, eles vão estar sempre lá em casa para ti – completou.
Ao ser perguntado sobre uma decisão quanto ao futuro, o técnico apenas respondeu que é o “aqui e agora”. Dentro do Verdão, contudo, há a confiança de que Abel aceitará a proposta para renovar e continuar com sua família no Brasil.
As conversas só serão retomadas após a Copa do Mundo de Clubes, torneio em que o Palmeiras pode sacramentar a classificação para as oitavas de final nesta segunda-feira.
Para isso, basta empatar com o Inter Miami, às 22h (de Brasília), em Miami. O resultado garante ao Verdão a vaga no mata-mata e como líder da chave.
Além do Verdão invicto, os times brasileiros têm roubado a cena neste início de competição nos Estados Unidos, com vitórias em cima de europeus e desempenho elogiados. Surpresa para muitos fora do país, mas não para o comandante alviverde.
– Já estive do outro lado e vou dizer honestamente. Eu, como europeu, quando ligava, não gostava de ver jogos no Brasil. O futebol brasileiro é como ver uma corrida de Fórmula 1 na chuva. Tem carros que podem dar 350 km/h, mas não podem passar de 200 km/h – comparou.
– Brasil não é um país, é um continente. Tem um calendário com jogos de dois em dois dias, ver duas equipes cansadas, o ritmo é mais lento. O gramado não ajuda, ainda mais lento é. Tecnicamente, para mim, o brasileiro é o melhor do mundo. Mas temos que criar as condições.
– Os brasileiros conseguem ser competitivos, têm chances, todos os 32 que estão aqui, têm. Uns mais, mas todos têm chances. Para mim, sendo estrangeiro a treinar no Brasil, é um orgulho – concluiu.
