A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) tomou uma atitude histórica, e isso envolve o Brasil. Pela primeira vez, desde sua fundação em 1904, a entidade máxima do automobilismo terá um escritório fora da Europa.
Em agosto a FIA, em parceria com a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), anunciou a criação de um escritório no Rio de Janeiro. Um marco para a entidade internacional.
A sede da Fia fica em Paris, na França. A entidade possui filiais em Valleiry, também na França, e Genebra, na Suíça.
Além da Fórmula 1, a mais tradicional do mundo, a FIA também é responsável por outras categorias do automobilismo, como Fórmula E e Fórmula 2.
Apesar da importância no cenário internacional, o Brasil não possui um piloto titular na Fórmula 1 há cinco anos. O último a correr na principal categoria foi Felipe Massa, em 2017.
Mesmo sem um representante entre os principais pilotos, o Brasil segue tendo um Grande Prêmio anualmente. Este ano, o GP de São Paulo, em Interlagos, está previsto para o dia 5 de novembro.
Um dos maiores talentos recentes do Brasil no automobilismo, Felipe Drugovich é atualmente piloto de desenvolvimento da Aston Martin na F1. Ele é o atual campeão da F2, e tem grandes chances de ser o próximo brasileiro a figurar na elite.
Pietro Fittipaldi também está na “lista de espera” para entrar na Fórmula 1, O neto de Emerson Fittipaldi é reserva na Haas e chegou a correr na elite no final de 2020, substituindo Romain Grosjean em duas corridas no Oriente Médio.
Nas outras categorias da FIA, o Brasil conta com Enzo Fittipaldi na Fórmula 2, Gabriel Bortoleto (foto), Caio Collet e Roberto Faria na Fórmula 3, e Rafael Câmara na Fórmula Regional Europeia (FRECA).
Apesar de ganhar um escritório da Fia, o Rio de Janeiro não é visto como o centro do automobilismo brasileiro. A Cidade Maravilhosa perdeu seu único autódromo e recentemente viu o projeto de uma nova pista empacar.
O Rio de Janeiro teve, por décadas, o Autódromo Internacional Nelson Piquet, mais conhecido como Autódromo de Jacarepaguá, que foi inaugurado em 1977.
A homenagem ao piloto Nelson Piquet se deu após ele ser o primeiro brasileiro a vencer na pista carioca, em 1983. Ele também venceu no Rio em 1986.
O Autódromo de Jacarepaguá recebeu a Fórmula 1 até 1990 e, depois disso, “perdeu” a elite do automobilismo para Interlagos, em São Paulo.
O descaso e a falta de interesse das autoridades fez com que o autódromo fosse praticamente abandonado. Em 2008, sua demolição foi anunciada e, no final de 2012, o autódromo já não existia mais.
No lugar do autódromo, foi construída a Vila Olímpica visando os Jogos Olímpicos de 2016. Mas o fim da pista também foi marcado por briga judicial entre poder público e moradores locais.
Para demolir o autódromo, a prefeitura do Rio foi acusada de remoção e demolição ilegal de casas no entorno da pista para realização das obras para a Rio-2016.
Com o fim do Autódromo de Jacarepaguá, o Rio começou a procurar um local apropriado para a construção de uma nova pista.
O local escolhido foi o bairro de Deodoro, Zona Norte do Rio. Autoridades chegaram a anunciar a construção de um autódromo na região, que pertencia ao Exército e é uma área de preservação ambiental.
Em 2019, os governos federais, estaduais e municipais anunciaram um acordo para a realização do GP do Brasil de Fórmula 1 de 2020 no autódromo de Deodoro.
Com a dificuldade para obtenção de licenças ambientais, a construção de uma pista em Deodoro ficou inviabilizada. De quebra, o Rio de Janeiro viu, em 2020, a detentora da F1 assinar um contrato de cinco anos com Interlagos.
Em 2021, a ideia de construir um autódromo em Deodoro foi oficialmente sepultada após a Câmara Municipal do Rio aprovar a transformação da Floresta do Camboatá em Refúgio de Vida Silvestre (REVIS).
Mesmo com brigas entre poder público e o mundo do autmobilismo, o Rio de Janeiro, com o escritório da FIA, mostra sua importância para a modalidade, mesmo que o principal circuito esteja em São Paulo.
Fonte MSN